"Que é isso, seu guarda? Eu não bebi
nada!”. Poupe essas palavras, pois não adianta jurar ou implorar. Se os
policiais de trânsito suspeitarem que você ingeriu bebidas alcoólicas, eles vão
pedir para que você passe pelo bafômetro. “E se eu me recusar a passar por
ele?” Nesse caso, o Código de Trânsito Brasileiro determina
o seguinte: “retenção do veículo até a apresentação de condutor habilitado e
recolhimento do documento de habilitação” (artigo 165 do CTB).
Mas por que o
bafômetro é tão importante? Explicando de uma maneira bem resumida, ele é o
mecanismo mais rápido para identificar a concentração de álcool no sangue dos
motoristas. Como você deve saber, dirigir sob efeito de álcool é mais do que
uma infração gravíssima: é também um crime de trânsito, que em alguns casos
pode também ser punido com reclusão.
Influência do
álcool no trânsito
Segundo um artigo
publicado no site do Departamento Nacional de Trânsito, todos os anos cerca de
1,2 milhão de pessoas morrem em decorrência de acidentes de trânsito em todo o
mundo. Grande parte dessas mortes poderia ter sido evitada, caso os motoristas
não tivessem ingerido qualquer quantidade de bebidas alcoólicas.
É melhor deixar o carro em casa. (Fonte da imagem: Thinkstock)
Somente no Brasil,
são 19,9 mil pessoas feridas e 26 mil mortas em acidentes de trânsito causados
por pessoas alcoolizadas. Segundo o Departamento
de Trânsito do Estado do Paraná, isso significa 50% das mortes no
trânsito brasileiro – ano após ano. A mesma fonte ainda mostra algumas das
principais influências negativas do álcool sobre o motorista:
- Exige mais tempo de reação para que os motoristas escapem de acidentes;
- Diminui a capacidade de desviar a atenção para pontos mais relevantes (fixação);
- Limita a percepção dos motoristas.
De onde surgiu o
bafômetro?
Quem pensa que a
ideia é recente está enganado. Em 1954, um médico do Departamento de Polícia de
Indiana (Estados Unidos) desenvolveu um aparelho que seria capaz de identificar
a concentração de álcool no sangue por meio da análise do ar presente nos
pulmões. Na época, o mecanismo era menos sofisticado, mas já mostrava alguns
resultados bastante convincentes.
Criador e criatura. (Fonte da imagem: Reprodução/When it was Invented?)
Em vez de sistemas
eletrônicos, os bafômetros do doutor Robert Borkenstein realizavam misturas
químicas com várias soluções, sendo que a concentração alcoólica era revelada
pela análise da cor do líquido gerado na reação – e não mostrada em um visor
eletrônico, como acontece atualmente.
O álcool está nos
pulmões
Antes de dizer como
funciona o bafômetro, é bom entender que o nome dele está bem errado. O que é
analisado não é o hálito do suspeito, mas sim o ar que está nos pulmões dele.
“Mas como é que o álcool foi parar lá?” O álcool ingerido é absorvido pelo
estômago e levado até a corrente sanguínea muito rapidamente.
Como o sangue passa
pelos pulmões, o oxigênio presente neles acaba sendo “contaminado” pelo álcool
ingerido. Todo esse processo acontece em pouco tempo e a concentração de álcool
acaba sendo a mesma no sangue e nos pulmões. E é por essa razão que o teste do
bafômetro é tão confiável.
Como funciona?
Assim que o
policial identifica o motorista como um possível alcoolizado, o teste do
bafômetro pode ser exigido. Nesse caso, o suspeito deve soprar uma determinada
quantidade de ar em um canudo descartável para dentro do equipamento. As
moléculas de oxigênio e álcool entram em contato com uma “célula combustível”,
que geralmente é composta de platina.
A célula
combustível ganha esse nome porque a reação entre a platina e o álcool gera uma
combustão incompleta, separando os diversos elementos existentes. Essa reação
gera ácido acético, íons de hidrogênio e – o principal para o bafômetro
eletrônico – elétrons. Quanto mais álcool estiver presente no ar, maior a
quantidade de elétrons gerados.
Esses elétrons saem
da célula combustível e geram uma corrente elétrica em um fio condutor bastante
sensível. Logo em seguida, a corrente elétrica é identificada por um microchip,
que desempenha o papel de traduzir a “quantidade de energia” em “concentração
de álcool”. O resultado já convertido é mostrado no visor do bafômetro.
.....
Como você pode ver,
a utilização do bafômetro possui muita relevância científica. Infelizmente, o
aparelho é cada vez mais necessário, pois os motoristas continuam ingerindo
bebidas alcoólicas antes de dirigir. Lembre-se sempre dos riscos acarretados
pela mistura entre álcool e direção e fique feliz ao entender exatamente os
motivos para o bafômetro acusar “concentração zero” quando for submetido aos
testes.
Fontes: Breathalyzer.Org, How Stuff
Works, DENATRAN, Código de
Trânsito Brasileiro, DETRAN/Pr e Química e Sociedade
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